29/01/2024

mood

Enquanto estou em crise com as palavras, encontro refúgio nas colagens. Tenho a impressão de que estou me aproveitando da capacidade narrativa das pessoas - o que, de acordo com Austin Kleon, não é um problema, mas o desconforto que sinto é palpável. Como posso contar histórias se não consigo me expressar sem muletas?

De qualquer forma, esse é o sentimento menos incômodo que tenho carregado durante esse mês. Silenciei esse desconforto para dar vazão a outros. O resultado foi esse aqui:



18/01/2024

ferrante

 O que Elena Ferrante tem a dizer sobre a escrita?
 
 
Dando continuidade ao projeto "ouvindo o que os escritores têm a dizer sobre a escrita", li os dois livros de não ficção escritos pela Elena Ferrante:
  • As margens e o ditado: compilado de ensaios que detalham sua relação com a leitura e com a escrita; e
  • Frantumaglia: outro compilado, dessa vez composto por cartas (enviadas e não enviadas) e as poucas entrevistas que a Elena concedeu durante sua jornada como escritora.

Para quem não sabe, Elena Ferrante é um pseudônimo (ou pen name). A escritora nunca revelou sua verdadeira identidade, nunca compareceu a sessões de autógrafos ou qualquer tipo de evento literário. Isso vai ser importante para entender o restante do post.
 
Como vocês previram nos comentários, a experiência não deu muito certo. Durante a leitura de ambos os livros, eu me senti péssima. Elena discorre sobre seus livros, a literatura, as artes clássicas, o feminismo, as diferenças entre os personagens femininos escritos por homens e por mulheres, as influências da predominância masculina na escrita, a política, a essência do texto, o contexto em que a história acontece, o protagonismo (da história, dos personagens, do contexto), o que deve ser sentido, mas não explicitamente escrito... A lista segue.
 
P: Ela fala sobre tudo isso?
R: Sim!
 
Sinto que nunca conseguirei explicar a complexidade dos pensamentos da Elena e a profundidade das suas reflexões. Essa montanha de informações apresentadas com distinção e inteligência fizeram com que eu me sentisse burra e incompetente. Conheço meus limites e sei que nunca serei capaz de escrever algo com essa profundidade.

Entrei em um estado de desânimo e demorei muito para terminar Frantumaglia - e é por isso que esse post demorou tanto para sair. As coisas só "melhoraram" na terceira parte do livro (mais especificamente no Capítulo 6. Mulheres que escrevem: Respostas às perguntas de Sandra, Sandro e Eva), em que me identifiquei muito com as opiniões da autora. O trecho desse capítulo que mais me marcou foi:
[...] Tenho histórias nunca publicadas nas quais o cuidado formal foi altíssimo, eu não conseguia ir adiante se cada linha já escrita não me parecesse perfeita. Quando isso acontece, a página é bonita, mas a narrativa é falsa. Quero insistir nesse ponto, é algo que conheço bem: a história segue em frente, me agrada, em geral a termino. Mas, de fato, não é contar uma história que me dá prazer. O prazer - logo descubro - está todo na obsessão de dizer bem, no tornear as frases como uma maníaca. Eu diria, aliás, pelo menos no que se refere a mim, que, quanto mais atenção em relação à frase, com mais dificuldade brota a história. O estado de graça começa quando a escrita só se preocupa em não perder a história.
Pontos positivos: as reflexões que ela faz sobre personagens femininas, a escrita produzida por mulheres e a influência que as leituras exercem na escrita.

Pontos negativos: os jornalistas questionando o porquê de ela se manter no anonimato. As perguntas são repetitivas e as respostas são sempre as mesmas.
 
O que aprendi: 
  • Nossa escrita é um produto de tudo o que lemos e não podemos fugir disso;
  • Escrever ficção sem exprimir um pouco da realidade é impossível. O livro, por mais fantasioso que seja, é um reflexo de seu escritor;
  • "[...] para quem ama escrever, o tempo da escrita nunca é desperdiçado";
  • No mercado editorial, é como se escrever nunca pudesse ser uma atividade fim, apenas uma consequência intermediária de qualquer outra atividade "principal" (sempre "um profissional que escreveu um livro", nunca um escritor) - e isso é um saco!

12/12/2023

colagem


Então eu resolvi entrar no mundo das colagens digitais.

Essa era uma vontade antiga que eu sempre estava procrastinando. Como vou fazer uma colagem se não domino o photoshop? Encontrei alguns pngs na internet, mas eles não possui licença de conteúdo. E se eu fizer alguma coisa e for acusada de plágio? Eu posso ser processada por isso. Pior, posso ser cancelada no twitter e receber um chapisco premuin do site da saúde mental (pessoas que vivem cronicamente online entenderão essa frase). A lista de desculpas continua...

Até que chegou o dia em que eu estava entediada durante um evento, mexendo no celular para fugir do sofrimento que é ouvir um monte de gente falando um monte de coisa durante muito tempo sem chegar a lugar nenhum. Comecei experimentando o site remove.bg para tirar os fundos da imagem. Ele mesmo seleciona o que é fundo e o que não é, mas te deixa editar, mesmo de uma forma mais grosseira, os outros elementos. Depois usei o Adobe Express. Ele permite que a gente baixe a imagem num formato melhor, mas não tem a opção de editar a seleção (ou seja, se ele falou que é fundo, é fundo e não tem discussão). Ah, também precisa fazer login no site para baixar a imagem. As duas ferramentas, claro, são gratuitas.
 
As imagens que usei para "treinar" essas ferramentas vieram majoritariamente o Unsplash - aka meu site preferido de imagens gratuitas para uso pessoal e comercial (não que eu pretenda vender alguma coisa, mas é bom não ter que pensar muito sobre a possibilidade do dono da imagem sair correndo atrás de mim com um pedaço de pau ficar bravo). Usei o aplicativo do Adobe Express e do Canva para encaixar as imagens e dar uma editada na cor e esses foram os resultados:





Também criei uma conta no instagram para compartilhar as colagens e as coisas do blog. Se vocês quiserem seguir, o perfil é @oliviaaltaneira.

27/11/2023

mentores

Há algum tempo, decidi que se quero escrever bem devo começar ouvindo o que os escritores têm a dizer sobre a escrita. Por isso, criei uma lista (grande demais para o meu juízo) de livros que pretendo ler ainda esse ano. Não se engane, não tenho a menor esperança de terminar todos eles dentro desse prazo. Mas, por hora, vou me deixar iludir.

Os livros que escolhi são:
 
EDIT (28/11) Não satisfeita com a meta impossível de cumprir, resolvi acrescentar novos livros na lista. São eles:

Bônus:

 
O livro do Austin Kleon entrou como um bônus porque ele não fala especificamente sobre escrever, mas sobre todos os tipos de arte. Aproveito o espaço para recomendar a newsletter do Austin.

Pretendo fazer um post para cada livro: um compilado das coisas que aprendi, das reflexões que tive e/ou das minhas principais impressões. Não vou dizer que é uma resenha porque não pretendo seguir o formato "padrão" de resenha (sinopse + opinião). Não quero me comprometer com nenhum formato porque sei que vou me arrepender se fizer isso. Quanto mais livre a proposta, melhor.

Para esse post não ser completamente inútil para você, leitor, segue o motivacional do dia:

fonte

Bora produzir algum tipo de arte? (estou convidando, porém morrendo de preguiça e chorando em posição fetal no fundo do poço).

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